Sentir ansiedade é normal e frequente, tanto para os adultos, quanto para as crianças. Porém, quando essa ansiedade é muito intensa e atrapalha a criança de viver sua vida normalmente ou de participar de várias atividades, pode ser um caso mais grave, que precisa ser tratado para permitir um desenvolvimento mais pleno.

A ansiedade infantil pode se manifestar de diferentes formas, como medo de ficar sozinho, de escuro, de animais, de pessoas estranhas, de falar em público, de errar, de se machucar, entre outros. Esses medos podem ser normais em algumas fases do crescimento, mas quando se tornam excessivos e irracionais, podem atrapalhar o bem-estar e o aprendizado da criança.

Mas como podemos ajudar as crianças a lidarem com a ansiedade e os medos?

Quais são as estratégias mais eficazes para cuidar da saúde emocional dos pequenos?

Neste artigo, vamos apresentar algumas dicas que podem fazer a diferença na vida das crianças e das famílias que enfrentam esse desafio.

 

  1. Não tente evitar os medos da criança

Uma das piores coisas que podemos fazer é tentar evitar ou proteger a criança dos seus medos. Isso pode passar a mensagem de que o medo é algo perigoso e incontrolável, e que a criança não é capaz de enfrentá-lo.

Além disso, isso pode reforçar a ansiedade e impedir que a criança desenvolva habilidades para superar as situações difíceis.

O melhor é expor a criança aos seus medos de forma gradual e segura, respeitando o seu ritmo e a sua vontade.

Por exemplo, se a criança tem medo de cachorro, podemos começar mostrando fotos ou vídeos de cachorros fofos e simpáticos, depois levá-la para ver um cachorro pequeno e manso à distância, depois aproximá-la um pouco mais, até que ela se sinta confortável para tocar ou brincar com o animal.

 

  1. Dê valor para o que a criança está sentindo

Muitas vezes, podemos minimizar ou ridicularizar os medos da criança, dizendo coisas como “Isso é bobagem”, “Não tem nada a ver”, “Não seja covarde”, “Isso não existe”.

Isso pode fazer com que a criança se sinta incompreendida, desrespeitada e envergonhada. Ao invés disso, devemos validar e acolher os sentimentos da criança, mostrando empatia e compreensão.

Podemos expressar coisas como “Eu compreendo o seu medo”, “Eu sinto o que você está passando”, “Eu também já fiquei com medo disso quando era criança”, “Eu estou aqui para te ajudar”. Isso pode fazer com que a criança se sinta mais confiante, segura e apoiada.

Além disso, devemos elogiar e incentivar a criança sempre que ela enfrentar os seus medos, reconhecendo o seu esforço e a sua coragem.

 

  1. Tente diminuir o período de ansiedade

Quando a criança está ansiosa ou com medo, o seu corpo entra em um estado de alerta, liberando hormônios como adrenalina e cortisol.

Isso pode causar sintomas físicos como taquicardia, sudorese, tremores, falta de ar, náuseas, entre outros.

Esses sintomas podem aumentar ainda mais a ansiedade e o medo da criança, criando um ciclo vicioso.

Para interromper esse ciclo, podemos ajudar a criança a diminuir o período de ansiedade, usando técnicas de relaxamento e respiração.

Podemos ensinar a criança a respirar profundamente pelo nariz e soltar o ar pela boca, contando até dez.

Podemos também fazer massagens suaves nas costas ou na cabeça da criança, ou abraçá-la com carinho.

Essas técnicas podem acalmar o corpo e a mente da criança, reduzindo os sintomas físicos e emocionais da ansiedade.

 

  1. Explore a situação que causa a ansiedade

Muitas vezes, os medos da criança são baseados em fantasias ou distorções da realidade, que podem ser corrigidas com informação e raciocínio.

Podemos ajudar a criança a explorar a situação que causa a ansiedade, usando perguntas e afirmações que estimulem o seu pensamento crítico e lógico.

Por exemplo, se a criança tem medo de monstros, podemos perguntar: “Você já viu um monstro de verdade?”, “Como ele é?”, “Onde ele mora?”, “O que ele faz?”.

Podemos também afirmar: “Monstros não existem”, “Monstros são apenas personagens de histórias ou filmes”, “Monstros não podem te machucar”.

Podemos também mostrar à criança que não há nada de assustador no seu quarto, abrindo o armário, olhando embaixo da cama, acendendo a luz.

 

  1. Ensine estratégias de enfrentamento para a criança

Uma das melhores formas de ajudar a criança a lidar com a ansiedade e os medos é ensinar estratégias de enfrentamento que ela possa usar sozinha ou com a nossa ajuda.

Essas estratégias podem ser cognitivas, comportamentais ou emocionais, e podem variar de acordo com a idade e a personalidade da criança.

  • Estratégias cognitivas: são aquelas que envolvem o pensamento e a imaginação da criança. Elas podem ser:
    • Repetir frases positivas ou motivacionais, como “Eu sou forte”, “Eu consigo”, “Eu vou superar”;
    • Imaginar cenas ou objetos que transmitam calma e segurança, como uma praia, um campo, um arco-íris;
    • Brincar com o humor ou a criatividade para transformar o medo em algo divertido ou ridículo, como um monstro que solta pum, uma aranha que usa peruca, um palhaço que faz cócegas.

 

  • Estratégias comportamentais: são aquelas que envolvem o corpo e a ação da criança. Elas podem ser:
    • Usar objetos ou atividades que distraiam ou confortem a criança, como um brinquedo, um livro, uma música, um jogo;
    • Fazer gestos ou movimentos que expressem ou aliviem a ansiedade, como bater palmas, pular, dançar, desenhar;
    • Seguir hábitos ou rotinas que promovam o bem-estar e a saúde da criança, como dormir bem, se alimentar bem, fazer exercícios.

 

  • Estratégias emocionais: são aquelas que envolvem o sentimento e a relação da criança. Elas podem ser:
    • Contar com pessoas ou animais que apoiem ou protejam a criança, como os pais, os amigos, os irmãos, os bichinhos de estimação;
    • Sentir ou expressar emoções que contraponham ou substituam a ansiedade, como o amor, a alegria, a gratidão;
    • Seguir valores ou crenças que orientem ou fortaleçam a criança, como a fé, a esperança, a confiança.

 

 

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